Ela não nasce mãe — ela se torna. Não de uma vez, mas aos poucos. A cada noite mal dormida, a cada medo escondido, em cada sonho que ela dobra e guarda na gaveta do depois.
A mãe é fogo e cinzas, ausência de si e presença absoluta no outro. Ela queima sua individualidade em silêncio, sem aplausos, sem testemunhas, para reacender a vida que colocou no mundo.
Como a fênix, ela se desfaz para renascer. Mas, diferente da ave mitológica, seu renascimento não é um espetáculo. É cotidiano. É invisível. É feito de pequenas mortes diárias: o tempo que não é mais seu, o corpo que se transforma, a vida que gira em torno de alguém.
A maternidade é um ritual de fogo, onde a mulher queima suas vontades e encontra o amor em estado puro. Não o amor romântico idealizado — mas o amor real, visceral, cansado e, ainda assim, insistente.
A mãe é alquimista do tempo. Transforma dor em força, exaustão em carinho, angústia em consolo. Constrói abrigos dentro do caos e aprende a renascer, mesmo sem nunca ter descansado.
Nenhum templo é mais sagrado que o colo de uma mãe renascida pela entrega. Ali o mundo para. Ali a criança aprende o que é paz. E ali, a mulher que já foi muitas, encontra em si a mais profunda de todas: aquela que ama sem medida, sem esperar retorno, sem cessar.
Como a fênix, a mãe não teme o fogo — ela o transforma em asas. E com essas asas, voa sem sair do lugar. Sustenta o mundo. Eleva o outro. E, no fim, quando todos se vão, aprende a renascer para si, mesmo que não haja mais tempo.
Artigo: Irmão Barbosa.
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