Reflexões éticas e filosóficas sobre a imortalidade. Imagine que, no futuro, a ciência consiga transportar sua consciência para qualquer corpo que você escolher. Todos os seus pensamentos, memórias acumuladas, experiências, em resumo, todo o seu capital intelectual será preservado.
Basicamente, funcionaria assim: sua consciência seria digitalizada e totalmente armazenada em um microchip ou pendrive. Este, por sua vez, ficaria conectado ao seu cérebro.
Caso seu corpo morresse ou você tivesse uma doença terminal, poderia deixar programado para que retirassem esse cartão de memória e facilmente o implantassem em outro corpo.
II
Caso não quisesse outro corpo, também haveria a possibilidade de clonar o seu invólucro corpóreo atual. Dessa forma, você poderia estar aqui durante dez mil anos, se quisesse, ou até o fim dos tempos.
Se você fosse muito ocupado, poderia fazer um Double Sleeve, ou seja, fazer um ctrl+c e ctrl+v da sua consciência e replicá-la no seu novo corpo clonado. Ideal para pessoas que reclamam que não têm tempo para nada. Imagine dois, três ou até quatro de você para resolver todos os problemas do dia a dia.
Um iria à reunião de negócios, e o outro almoçaria com a esposa. E o melhor de tudo: você não seria traído, pois é uma cópia da sua consciência no clone do seu corpo.
Os benefícios não param por aqui. O que hoje conhecemos como servidor na nuvem também seria aplicável nessa época.
Reflexões éticas e filosóficas sobre a imortalidade – Exemplo: Você programa para que exatamente à meia-noite ocorra o backup automático da sua consciência para o servidor. Dessa forma, todas as suas memórias e registros do dia anterior estariam salvos. Nenhum momento sequer, nem uma vaga lembrança, seria perdida.
III
A morte só ocorreria se alguém destruísse o seu dispositivo de memória, apagando assim todas as suas lembranças. Mas, como mencionado, ainda seria possível fazer um backup online da sua consciência, que estaria armazenada na nuvem.
Os seres humanos teriam alcançado a imortalidade? Nem todos. Pois, trocar de corpo ou invólucro teria um custo elevado. Apenas os super ricos poderiam trocar quando quisessem, devido aos altos custos do procedimento.
As desigualdades sociais aumentariam e, o pior de tudo, ocorreria a completa destruição da ética. Quem decide quem vive e quem morre são os valores monetários, e não os valores morais.
A população pobre que desejasse trocar de invólucro acabaria se endividando com pesados financiamentos. E, às vezes, o melhor que conseguiriam seriam corpos antigos ou com problemas de funcionamento. A desigualdade imperaria de forma impiedosa. Imagine uma criança de 11 anos com uma doença terminal ser transferida para o corpo de uma pessoa de 93 anos, pois essa seria a melhor capa que o dinheiro de seu pai poderia comprar.
IV
Se pudéssemos trocar de corpo como trocamos de roupa e ainda preservar toda a nossa consciência, talvez a resposta fosse mais clara, e com certeza mais egoísta. Talvez responderíamos assim:
Pergunta: “O que é a vida?” Resposta: Uma sucessão de episódios que pode se repetir para quem tem dinheiro. Afinal, a vida é a faculdade de resistir à morte. Para que ela serve? Para aumentar o patrimônio, dominar coisas e pessoas, sem se preocupar com o fim iminente. Qual é o seu fim? Não tem mais fim. Agora somos imortais, ricos e poderosos, e que se dane o resto do mundo. Agora somos Deuses.
Certamente essa seria a resposta dos ricos e poderosos, restando aos menos afortunados aceitar os ciclos naturais das coisas e ver o mesmo velho mundo de sempre, onde os ricos têm acessos diferenciados e os pobres são privados da igualdade social.
Caríssimos irmãos, se pudessem fazer as escolhas abaixo, quais escolheriam:
A) A vida é cíclica, nascemos, crescemos e morremos. Acredito e confio nos planos do Grande Arquiteto do Universo, não aspiro à imortalidade apenas neste plano.
B) Ser imortal, trocar de corpo quando quiser, ter comigo todos aqueles que me são caros para todo o sempre. Não me importo mais com a ordem natural das coisas.
Fonte: Livro Carbono Alterado – Morgan, Richard – Bertrand Brasil.
Série Altered Carbon: criada por Laeta Kalogridis com Joel Kinnaman, James Purefoy.
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Irmão Barbosa.
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