Sobre Pássaros e Quedas:
O pássaro sonhava em alçar novos voos, mas tinha a limitação da gaiola. Começou a se debater, como se quisesse tomar a liberdade à força.
Um dia, o “cara chato” — leia-se o dono da gaiola — decidiu deixar a porta aberta. O pássaro saiu rumo à tão sonhada liberdade.
Tempos depois, o pássaro estava ferido, pois encontrou a maldade das pessoas. Sentiu a desilusão estampada em sua realidade e viu que não era nada daquilo que lhe fora prometido.
Então pensou: “Na gaiola não me faltava nada; lá eu tinha de tudo e mais um pouco. Voltarei, pois lá eu era protegido e todos me amavam”.
Ao chegar, o pássaro encontrou a gaiola fechada. Desesperou-se, pois a proteção, o amor e o carinho agora pertenciam a outro pássaro.
Infelizmente, algumas pessoas confundem amor, carinho e proteção com uma odiosa gaiola; e, quando se dão conta de que as falsas promessas de liberdade eram enganosas e feitas por pessoas dissimuladas e mentirosas, a queda livre rumo à dura realidade é irreversível e dolorosa.
A gaiola é o coração; as falsas promessas, o mundo; e a maldade das pessoas, a realidade. A vida é feita de escolhas: ao escolher um caminho, declinamos de outro; não se pode ter tudo. Ou escolhemos a gaiola, ou o mundo. Às vezes, o que achávamos ser as grades era, na verdade, a proteção que nos livrava das maldades do mundo.
Artigo: Irmão Barbosa.