O Judas Moderno

O Judas Moderno não se contenta com apenas trinta moedas de prata. Ele se manifesta no palco onde exige atenção total e trabalha nos bastidores de seus próprios interesses. Não negocia em prata, mas em influência e vaidade. Trai com gestos sutis, palavras bem colocadas e elaborados esquemas de conchavos.

O antigo Judas se enforcou em remorso. Por todos os erros que cometeu, o novo Judas se faz de vítima, inventa narrativas falsas e trama para que suas vontades sejam validadas pelo público que ele mesmo tenta influenciar. Seus joguetes visam apenas à satisfação de seus próprios interesses, nunca ao bem da coletividade.

Enquanto o antigo Judas se enforcava em remorso. O novo vive em conforto e acredita que a culpa é sempre do outro, principalmente quando esse apresenta um trabalho que ofusca sua imagem. As trinta moedas de prata foram substituídas por abraços e sorrisos. Seus discursos inflamados de falsa ética e moral incendeiam seus adversários.

Palavras ditas com doçura. Mas recheadas de intenções venenosas, já não se vende o outro; mina-se sua força até que ele duvide de si. Trocaram-se as moedas por pérfidas estratégias. O novo Judas é um estrategista nato. Ele não entrega ninguém, faz a opinião pública achar isso por si só; apenas mexe as cordinhas para que os outros se enforquem sozinhos.

Esse novo traidor não quer ver mais sangue. Quer ver reputações desfeitas e tirar do seu caminho todos aqueles que podem atrapalhar seus planos. O Judas moderno aprendeu a disfarçar a apunhalada em forma de beijos e abraços. Seu discurso de paladino da verdade prega uma pseudo moralidade que ele discursa, mas não pratica.

Enquanto o antigo Judas foi homem o suficiente. E encarou a forca de suas próprias decisões, o novo Judas sorri e discursa sob as luzes dos holofotes de seu próprio estado egoico, tramando o destino da próxima vítima que ousar atravessar o seu caminho.

E assim, entre lindas palavras e falsos sorrisos. Aliados a narrativas mal-intencionadas, ele segue destruindo todos aqueles que cruzarem o seu caminho. Nunca aceitará o brilho das pessoas à sua volta, pois tem a esperança de ser o brilho maior de seu próprio ecossistema.

Artigo: Irmão Barbosa