De volta para casa, mas não a casa que eu morava, e sim a casa à qual minha alma sempre pertenceu.
A velha casa familiar que minha essência sempre buscava. Mas o meu verdadeiro eu se encontrava perdido onde estava antes de te encontrar novamente.
Eu sempre sentia que algo me faltava. Estava perdido dentro de mim, chegava a questionar o Criador, perguntando: o que faço eu aqui nesta vida sem sentido? Será que não existe vida fora dessa caverna?
Pensava aqui comigo. A existência não pode ser só isso: pagar boletos e compartilhar chateações, ficar ouvindo o eterno lamentar de quem estava ao meu lado. Por décadas esse foi o meu penar.
Até que um dia eu clamei. A mais sincera e triste de minhas orações. A minha energia subiu aos céus e chegou ao Princípio Criador, e Ele me ouviu.
Talvez a minha mais sincera conversa com Deus. Eu desabei a chorar naquela noite. Minha fala estava imantada de sentimentos, tristezas e sinceridade. Foi tão forte o que disse que senti que o próprio Criador estava comigo naquele quarto.
Conversamos não como Criador e criatura. Mas como pai e filho. Fui aconselhado por Ele e, como todo filho rebelde, lancei um desafio:
Disse que a próxima mulher que entrasse em minha vida. Ia ser para mim tudo aquilo que eu não tive em minha vida inteira. Ela massagearia meus pés sem eu pedir, gostaria das mesmas coisas e lugares que eu, seria minha melhor amiga e seria completamente apaixonada por mim.
Sobre a massagem nos pés eu explico. É uma das coisas que eu mais gosto, mas nunca tive quem o fizesse.
Terminei provocando, dizendo. É meu Pai, mulher assim não existe, né? Então me prova que Você existe. E, dessa vez, eu quero sinais: ou essa mulher fará tudo isso ou o Senhor não existe. Terminei a minha afronta e passei a noite em claro, revirando na cama pela madrugada adentro.
Passaram-se alguns meses. E então comecei a conversar com uma mulher. Não uma mulher qualquer. Quis o destino que eu a procurasse em suas redes sociais. Era a minha primeira namorada.
O véu da religião havia nos separado. Somos primos de segundo grau, e a família dela jamais aceitaria a nossa união. Disseram, por muitas vezes, que essa relação seria “coisa do diabo” e acabaram por nos afastar.
Os anos se passaram, sofremos muito, mas o reencontro foi mágico. Agora já estávamos em idade adulta, sem ninguém que pudesse nos atrapalhar ou influenciar.
Fomos morar juntos e, no primeiro dia em que voltei para casa, ela olhou nos meus olhos, me abraçou e me beijou. Depois tirou os meus sapatos, fez uma massagem demorada nos meus pés e, em seguida, nas minhas costas.
Perguntei o porquê. Ela respondeu simplesmente: “Eu senti vontade de lhe fazer essa massagem.”
Fiquei sem palavras. Em resumo, ela gosta das mesmas coisas que eu. Somos melhores amigos. Ela me mima demais e eu adoro mimá-la. Foi como se o Supremo Arquiteto do Universo dissesse:
“Homem de pouca fé, e agora acredita ou vai pensar que foi só coincidência?”
Verdadeiramente, essa foi a maior de todas as respostas que a grande mente universal poderia me dar.
Na época, eu beirava ideias ateístas e dava ouvidos à possibilidade de tudo ser apenas fruto do acaso. Mas, depois desse e de outros eventos, não tenho mais dúvidas de que existe uma grande inteligência que cuida de tudo.
Artigo: Irmão Barbosa
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Este Artigo faz parte do Livro de Toleran. O Livro do Tolerâncialismo.
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