A Vida Que Você Tinha, e Agora Já Não Tem Mais
A vida que você tinha. E agora já não tem mais. Penso que seja isso quando partimos deste plano. Imagine viver quase 30 anos com uma pessoa: começam a namorar, têm filhos, mudam para uma casa, depois para outra, levam as crianças para a escola, elas crescem e começam a viver suas próprias vidas.
Imagine que, do meio para o fim desse processo todo, você já se encontra muito infeliz. O tédio e a monotonia consomem sua vida, aliados a uma experiência traumática, onde uma das partes reclama de tudo o que acontece. Sejam coisas boas ou ruins, reclamar tornou-se um hábito.
Talvez você não perceba, mas muito provavelmente não é só você que se sente assim em relação à outra pessoa. Talvez ela sinta as mesmas coisas. Talvez uma das partes tenha razão e a outra não. Talvez ambas estejam erradas.
Então, você pensa: “é o que tem para hoje” e vai arrastando a vida ano após ano. Sem perceber, esse comodismo destrói a vida das pessoas. Parece que, quando você não resolve, a própria natureza resolve por você.
De repente, um terremoto se abre diante de seus pés, levando você para o fundo do poço. Acontece tudo o que você jamais poderia acreditar que fosse acontecer.
Do nada, sua família se desfaz. Você ainda acreditava que era uma família, mas talvez só você não estivesse enxergando. Essa família já tinha se desfeito há muito tempo, bastou um empurrãozinho, e tudo aquilo que você estava acostumado agora já não existe mais.
Você sai da sua antiga casa, vai morar em outra. Passado o luto, conhece novas pessoas. Mais uma vez, muda de casa e vive uma nova história. Tive a sorte de viver uma vida completamente diferente da que eu vivia.
Tudo o que eu não tinha na casa anterior foi acrescentado em porção quintuplicada. Direcionei minha mente para isso. Conversei com o Criador e disse: “Se for para ser igual, quero morrer sozinho. Mas, se for para ser diferente, aceito a pessoa que vier, desde que ela transforme meu conjunto particular de crenças sobre relacionamentos.”
O universo me ouviu. Da antiga casa, guardo pouquíssimas lembranças. Lembro do meu filho comigo no sofá, vendo séries, das nossas conversas, do carinho mútuo e do grande amor que sempre senti por ele.
É como se só tivesse sobrado isso. Talvez você me pergunte: “Mas não foram quase 30 anos? Não tem nenhuma memória boa?” Eu digo: o nascimento dos meus filhos, algumas conquistas pessoais e, sinceramente, nada mais.
Com um pouco mais de um ano e seis meses da minha nova vida, minhas recordações são poucas. Decidi não mais querer me lembrar das coisas ruins que aconteceram. Para cada lembrança ruim, procuro colocar duas ou três boas no lugar.
Algo me diz que a passagem de uma dimensão para outra seja exatamente assim. Você teve uma outra vida da qual praticamente não se lembra de mais nada. De vez em quando, talvez tenha uma lembrança e nada mais do que isso.
Pode ser que nossa passagem seja parecida com isso. Histórias anteriores que não nos lembramos mais. Elas existiram, mas não fazem mais tanta diferença.
Às vezes, o ego tenta personalizar situações para nós. Você pensa: “Foram quase 30 anos, como isso pode acabar? E agora?” Mas a grande realidade é que talvez só você se importe. O ego tenta personalizar essa situação para você, mas, na verdade, nada disso importa.
Sempre estaremos interpretando novos personagens, novas peças do teatro social. Mas os atores e atrizes continuarão os mesmos. Minha pergunta é simples: até quando? Qual o número de experiências até aprendermos a lição? Para os alunos mais aplicados, serão poucas? Para os que não se aplicam tanto, serão muitas?
O Verdadeiro Amor e a Evolução
A vida que você tinha, e agora já não tem mais, foi apenas uma experiência necessária para a sua evolução. As únicas experiências que lhe acompanharão são aquelas criadas dentro do amor absoluto. Esse é o verdadeiro amor, que tudo conecta e eterniza os laços entre as pessoas que conseguem descobri-lo.
O verdadeiro amor sempre conectará passado, presente e futuro. Tudo aquilo vivido fora do amor absoluto é transitório e fugidio, apenas experiências que precisam ser vividas para o seu aprendizado — e nada mais.
Agradeça pelas histórias do passado. Mesmo as traumáticas, pois elas gravaram em seu espírito as lições que você precisava aprender. Deixe-as irem embora agora.
Saiba que tudo o que te acompanhar foi baseado no amor absoluto. E esse amor sempre será a sua melhor companhia.
Artigo: Irmão Barbosa
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Este Artigo faz parte do Livro de Toleran. O Livro do Tolerâncialismo.
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