A Pseudo Iluminação
Certa vez conversava com um amigo, uma pessoa difícil de trato, que só enxergava suas próprias crenças pessoais. Quando você vinha com uma ideia diferente, ele já a rechaçava.
Esse amigo bebia, e conforme o álcool ia tomando conta do seu ser, a conversa ficava praticamente impossível. Tratava-se de uma pessoa muito inteligente, só que não abria mão de sua cosmovisão.
Ele defendia seus posicionamentos, e não enxergava outro caminho possível.
Tínhamos um amigo em comum, na verdade o amigo era meu. Eles se suportavam apenas pela convivência necessária naquele ambiente. Tudo que o Ruy Gonçalves falava, o Gabriel de bate-pronto rebatia. Tiveram vários embates, eram como cão e gato. Na primeira oportunidade, estavam debatendo.
Passado algum tempo, o Gabriel estava discutindo comigo determinada situação em que ele achava que eu estava errado. Por mais que eu explicasse os argumentos lógicos e mostrasse todas as conversas anteriores, o ponto de vista dele já estava formado, e ele não abria mão — mesmo sabendo que as coisas eram diferentes da forma que ele pensava.
Do nada ele me lança a seguinte frase: eu também era assim como você, calma, você também vai chegar lá, respeite o processo.
Eu pensei comigo, que viagem maluca esse carinha está vivendo. Ele acreditou ter atingido a iluminação apenas porque, em uma rara vez na vida, assumiu que estava errado.
Essa é a pseudo iluminação, meus amigos. Quando, discretamente, você começa a entender um pouco, acredita que já atingiu o que tanto procurava. Essa é uma das primeiras armadilhas do ego.
O estado egoico, agora está acampado aguardando seus próximos passos. Não haja no impulso da emoção acreditando que descobriu algo que ninguém mais tivesse descoberto — essa é a segunda armadilha do ego.
E por último, quando você tem a certeza de que atingiu algum tipo de iluminação ou estado superior mental em relação aos teus irmãos, essa é a última armadilha do ego. É como se você dissesse: atingi a iluminação, sou melhor que todos vocês.
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