Memórias de Gastronomia e Afetividade
Você lembra da sua comida preferida. Aquela que a sua mãe fazia? Memórias de gastronomia e afetividade, aquela comida que você tanto gostava, e sua mãe preparava. Quem ainda tem isso é um privilegiado, muitos apenas possuem a lembrança do que é essa experiência.
Volta e meia o olfato nos leva a campos despertados em nossa memória, onde voltamos muitos anos atrás e nos recordamos daquela comida deliciosa preparada por nossa mãe.
Minha mãe fazia um macarrão com queijo e atum. Para mim, aquilo era uma iguaria incomparável com tudo que já experimentei nos mais chiques restaurantes da cidade. Esses últimos sequer seriam capazes de se aproximar 5% do que eu sentia ao provar o prato feito por minha mãe.
Mas esse é o meu gosto. Talvez qualquer pessoa que experimentasse achasse algo comum. Porém, a afetividade me leva a acreditar que esse prato é o Santo Graal perdido da culinária da minha vida.
Às vezes me pergunto por que as lembranças relacionadas à comida são tão fortes. Talvez porque envolvam vários de nossos sentidos: olfato, visão, paladar, tato e até a audição — o barulho dos pratos, por exemplo. É uma experiência gastronômica familiar difícil de replicar. E, quando é, nos transporta de imediato para aquele tempo distante.
O que eu não daria por aquele prato de macarrão com queijo e atum. Dona Verônica está aqui comigo, mas o Alzheimer levou a memória de suas receitas. Hoje somos nós que cozinhamos para ela — melhor dizendo, minha esposa o faz, eu apenas acompanho. Tenho saudades do cardápio da minha mãe. Assim é a vida: só valorizamos o banquete quando sentimos sua falta.
Artigo: Irmão Barbosa.
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Este Artigo faz parte do Livro de Toleran. O Livro do Tolerâncialismo.
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