Como nasceu a religião?
Não é possível afirmar com certeza qual foi a primeira religião, mas há indícios de que práticas espirituais e simbólicas acompanharam os seres humanos desde os tempos mais remotos. Enterros ritualísticos, encontrados em escavações arqueológicas, indicam uma relação simbólica com a morte, sugerindo a existência de uma visão espiritual ou religiosa primitiva.
Pinturas rupestres espalhadas pelo mundo, segundo muitos pesquisadores, também podem representar crenças espirituais ou rituais ligados ao sobrenatural. Embora não se trate de religiões formalizadas, esses registros apontam para uma percepção simbólica do mundo que transcende o material.
Anu seria o deus mais antigo?
Anu é, até onde sabemos, o deus mais antigo com nome, culto e função registrados por escrito. Enquanto outras entidades espirituais podem ter existido oralmente antes dele, os sumérios nos deixaram documentos muito antigos mencionando Anu.
Uma tábua do Museu Britânico (BM 92605), proveniente da cidade de Nippur, na Suméria, contém hinos dedicados a Anu, exaltando-o como “pai dos deuses” e senhor das constelações e da abóbada celeste.
Kaggen x Anu: ele é mais antigo?
Possivelmente sim, no plano oral e antropológico, mas não no documental. A cultura dos San é muito mais antiga que a suméria em termos de tradição oral e pode ter existido por dezenas de milhares de anos antes da escrita cuneiforme.
Os mitos sobre /Kaggen foram registrados apenas nos séculos XIX e XX, por antropólogos como Wilhelm Bleek e Lucy Lloyd, baseando-se em relatos orais dos próprios San. /Kaggen é considerado o deus com nome conhecido mais antigo dentro de uma tradição oral ainda preservada.
No entanto, antes mesmo de /Kaggen, é provável que a humanidade já cultuasse forças sagradas sob formas anônimas, simbólicas e impessoais, como:
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Forças da natureza (fogo, trovão, lua);
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Animais espirituais (totens);
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Entidades femininas ligadas à vida e à fertilidade.
Esses “deuses sem nome” são ainda mais antigos, mas não sobreviveram com identidade própria, ao contrário de /Kaggen.
Os aborígenes australianos
Os povos aborígenes da Austrália possuem tradições espirituais extremamente antigas, com relatos que remontam a dezenas de milhares de anos, muito antes de qualquer escrita.
Entre as entidades criadoras citadas nas culturas aborígenes, podemos destacar:
Baiame – o “Grande Pai” em algumas regiões do sudeste australiano;
Tiddalik – um ser ancestral em forma de sapo, protagonista de um mito sobre seca e rios;
Rainbow Serpent (Serpente Arco-Íris) – símbolo de criação e fertilidade, uma das figuras espirituais mais reconhecidas do mundo aborígene.
A espiritualidade aborígene pode ser mais antiga que a dos San, mas muitos de seus seres criadores não são considerados “deuses” no sentido ocidental. Ainda assim, cumprem funções equivalentes, como criação, ordenamento do mundo e proteção espiritual.
/Kaggen permanece como uma das divindades com nome mais antigo, ainda reconhecida em tradição oral viva. Já os aborígenes preservam mitos ainda mais antigos, embora nem sempre com entidades nomeadas ou personificadas segundo os critérios ocidentais.
Essa escola tem o seguinte pensamento:
A partir do momento em que o primeiro ser humano entendeu, que poderia controlar pessoas em nome do sagrado — leia-se: o entendimento de um criador, ou, popularmente, de um “Deus” —, ele utilizou esse conhecimento para criar o que viria a ser a primeira religião.
Reivindicando para si a condição de portador da verdade divina, esse indivíduo criou, em benefício próprio, o primeiro conjunto de doutrinas que o posicionava como o escolhido para guiar um povo.
Esse é o entendimento do Tolerancialismo sobre como foi criada a primeira religião.
Artigo: Irmão Barbosa.
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Este Artigo faz parte do Livro de Toleran. O Livro do Tolerâncialismo.
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